“Lutai contra a pobreza e, ao mesmo tempo, aprendei dos pobres. Deixai-vos inspirar e guiar pela sua vida simples e essencial, pelos seus valores, pelo seu sentido de solidariedade e partilha, pela sua capacidade de se reerguerem nas dificuldades e, sobretudo, pela sua experiência vivida do Cristo sofredor, Ele que é o único Senhor e Salvador. Aprendei, portanto, também da sua vida de oração e da sua confiança em Deus”, apelou o Papa Francisco a um grupo de cerca de 70 pessoas formado por representantes da confederação Cáritas. “Trata-se de fazer resplandecer a caridade e a justiça no mundo à luz do Evangelho e do ensinamento da Igreja, envolvendo os pobres para que sejam os verdadeiros protagonistas de seu desenvolvimento”, complementou ele, sobre a missão esperada da Cáritas.

O pontífice convidou os e as agentes Cáritas a terem “coragem profética para refutar tudo aquilo que humilha o homem e toda a forma de exploração que o degrada”. Para isso, devem ter como mestres justamente as pessoas a quem servem, que são aqueles grupos que vivem à margem da sociedade, que estão em situação de vulnerabilidade social e que têm seus direitos e dignidade mais ameaçados. Francisco enfatizou que devemos superar a indiferença e o egoísmo de uma sociedade frequentemente dominada pela cultura do “descarte” para aprender a arte da solidariedade. “Por isso somos chamados a agir contra a exclusão social dos mais frágeis e a trabalhar para a integração destes”, enfatizou.

O Papa Francisco recebeu a delegação da confederação Cáritas no último dia 17 de novembro, durante uma audiência de cerca de uma hora proposta pela Caritas Internationalis e realizada no Vaticano. O grupo era formado pelos membros do Conselho Internacional da confederação, pela equipe do secretariado internacional da Cáritas e pelos coordenadores da confederação nas sete regiões em que a mesma está estrutura no mundo: América Latina e Caribe; América do Norte; Oriente Médio e Norte da África; centro-sul da África; Europa; Ásia; Oceania. O cardeal filipino Luis Antonio Tagle, presidente da Caritas Internationalis, e o secretário-geral da confederação, Michel Roy, estiveram presentes no encontro.

“Foi uma oportunidade para escutar o Papa. Percebemos o carinho grande que ele tem pela Cáritas, instituição que está enraizada nos mais diferentes lugares do mundo. Ele reafirmou a importância da ação da Cáritas e seu lugar central dentro da Igreja. Compreende o papel da Cáritas e percebe como importante para a Igreja e para a sociedade o seu trabalho com as pessoas empobrecidas”, avaliou Cristina dos Anjos (na foto acima, com Francisco e Tagle), assessora nacional da Cáritas Brasileira e membro do Conselho Internacional da confederação. “Foi uma audiência muito informal. O Papa Francisco dispensou o discurso para dialogar conosco. Ele abriu o microfone para perguntas e foi respondendo a elas. Passava do italiano para o espanhol, se sentindo à vontade com o grupo. Foi um ambiente muito fraterno, de muita abertura. Nos sentimos fortalecidos e fortalecidas no diálogo com ele. Ele nos deu ânimo e nos encorajou para o trabalho”, continuou.

Campanha mundial para refugiados

Durante a audiência, foi apresentada ao Papa a intenção da confederação de lançar uma campanha mundial com o tema migrantes e refugiados, proposta que foi bem recebida por Francisco. “O Papa se preocupa com as pessoas empobrecidas e, entre elas, com os migrantes e refugiados. Ele entende que uma campanha mundial poderá reforçar na sociedade a importância de olharmos para estas pessoas e de ajudá-las. O Papa Francisco considera a ação relevante para a Cáritas e para Igreja. Por isso, quer que a Igreja se envolva e apoie. Também destacou que a campanha deve incomodar, no sentido de tocar as pessoas, de fazer com que elas se preocupem e se mobilizem para a ação com os refugiados. Ele quer que a campanha mobilize as pessoas, para que elas se sintam responsabilizadas com a ação”, apontou Cristina. Um grupo de trabalho criado para discutir as estratégias a serem adotadas terá sua primeira reunião nos próximos dias 5 e 6 de dezembro, em Roma.

O que se avalia, neste momento, é que a campanha deve ser lançada no final do primeiro semestre de 2017, devendo se pautar pela incidência na realidade, com elementos que ofereçam apoio aos migrantes e refugiados e que sensibilizem a sociedade para o tema. Francisco já indicou à Cáritas que irá participar pessoalmente da ação. Afinal, para ele, as Cáritas em ação em cada país “não são agências sociais, mas organismos eclesiais que partilham a missão da Igreja” e que devem continuar realizando “pequenos e grandes sinais de hospitalidade e de solidariedade que têm a capacidade de iluminar a vida de crianças e idosos, de migrantes e refugiados à procura da paz”. “A pobreza, a fome, as doenças, a opressão não são uma fatalidade e não podem representar situações permanentes. Confiando na força o Evangelho, podemos contribuir para mudar as coisas ou, ao menos, melhorá-las, e podemos reafirmar a dignidade de quantos aguardam um sinal do nosso amor”, ensina o Papa.

Por Luciano Gallas / Assessoria Nacional de Comunicação da Cáritas Brasileira
com informações de Rui Jorge Martins / Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (Portugal)
e da Rádio Vaticano

Versión es Español

“La luz en el camino para alcanzar la paz”: Papa Francisco se reúne con Caritas

“Se trata de hacer brillar la caridad y la justicia en el mundo a la luz del Evangelio y las enseñanzas de la Iglesia, con la participación de los pobres al fin de que ellos son los verdaderos protagonistas de su desarrollo”, con estas palabras, el Papa Francisco recibió al Consejo de Caritas Internationalis (CI).

El Papa recibió a Caritas el pasado 17 de noviembre en una audiencia celebrada en el Vaticano. El grupo estuvo formado por miembros del Consejo Internacional de la Confederación, la Secretaría Internacional de Caritas y los coordinadores de las siete regiones en las que tiene presencia la Confederación: América Latina y el Caribe; América del Norte; MONA-Medio Oriente y Norte de África; Centro y Sur de África; Europa; Asia y Oceanía. A la reunión también asistió el cardenal Luis Antonio Tagle, presidente de Caritas Internationalis y Michel Roy, secretario general de Caritas.

“Fue una oportunidad para escuchar al Papa. Nos dimos cuenta del gran afecto que siente por Caritas. Reafirmó la importancia de la acción de la Confederación y su lugar central dentro de la Iglesia. Además, el Papa es consciente del papel de Caritas y del trabajo con los que menos tienen”, comentó Cristina Dos Anjos, asesora nacional de la Cáritas Brasileña y miembro del Consejo Internacional de Caritas.

“Fue una audiencia muy informal. El Papa Francisco abrió el micrófono para preguntas y respondió a todas. Pasaba del italiano al español para que nos sintiéramos cómodos; fue un ambiente fraterno y de mucha apertura. Nos sentimos capaces y fortalecidos por sus palabras; nos animó a seguir trabajando”, concluyó Dos Anjos.

Ante los 70 representantes de CI, el Pontífice también hizo hincapié sobre la importancia de superar la indiferencia y el egoísmo de una sociedad que a menudo pierde el sentido de la solidaridad porque estas actitudes sólo provocan injusticias y dolor en los sectores más vulnerables. Por ello es importante mantener una cercanía permanente con los desprotegidos, para aprender y dar respuesta a sus carestías.

Campaña Mundial para los Refugiados

La audiencia permitió a CI presentar la campaña del próximo año sobre migración y refugiados al Papa Francisco, la cual fue recibida con gusto por el Santo Padre.

Se espera que la campaña sea lanzada a finales del primer trimestre de 2017, y tendrá un enfoque de la situación actual sobre migración a nivel mundial y el objetivo principal de concientizar a la población sobre esta grave situación, además de proponer vías para apoyar de diversas formas a quienes se encuentran en condición de migrantes.

“La acción de Caritas en cada país no sólo es de organismos sociales, sino de organizaciones eclesiales que comparten la misión de la Iglesia. Ustedes ofrecen pequeñas y grandes muestras de hospitalidad y solidaridad que ilumina la vida de niños, ancianos, migrantes y refugiados que buscan paz” reflexionó Francisco.

“La pobreza, el hambre, la enfermedad y la opresión no son inevitables, pero no puede representar situaciones permanente. Confiando en el poder del Evangelio, podemos contribuir a cambiar las cosas o, al menos, mejorarlas. Podemos reafirmar la dignidad de aquellos que están a la espera de una señal de nuestro amor” finalizó el Pontífice.